quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pinheiro nega dificuldade em candidatura de Pelegrino

http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=112843


Publicada: 23/04/2012 01:54| Atualizada: 23/04/2012 01:53
Osvaldo Lyra EDITOR DE POLÍTICA


O senador Walter Pinheiro (PT) sai na defesa do correligionário Nelson Pelegrino e minimiza a dificuldade de a candidatura petista decolar. Nessa entrevista à Tribuna ele diz que o partido vai continuar empreendo esforços para unir o maior numero de partidos no entorno do petista e diz que não vão pressionar os pré-candidatos João Leão (PP) e Marcos Medrado (PDT) a retirarem suas candidaturas para apoiar Pelegrino. Sobre o PCdoB, ele admite que ainda não jogou a toalha. “O diálogo tem que ser permanente”. Pinheiro diz ainda que a insistência do prefeito João Henrique sobre o modal sob rodas atrasou o inicio do projeto do metrô, o que vai inviabilizar sua entrada em operação até a Copa.

 Tribuna – Qual a maior dificuldade hoje de a candidatura do deputado Nelson Pelegrino ganhar fôlego?
Walter Pinheiro – Tem a questão da situação de Salvador. Acho que é importante lembrar que a cidade se encontra num estágio onde é necessária uma resposta muito contundente. A primeira condição efetiva é reconquistar a sociedade. Quando alguém fala assim da dificuldade, eu entendo que a candidatura de Nelson está dentro do cenário natural. Todo mundo fica agoniado com as coisas... Eu acho que Nelson tem um respeito muito grande por parte de muitas pessoas da cidade e há uma aura sem dúvida sobre Salvador, que recai em todos nós. Foi o que aconteceu nos últimos anos. As pessoas ficam se perguntando: ‘Será que Salvador tem jeito?’ Salvador tem jeito. Salvador precisa efetivamente de um prefeito que tenha a capacidade de juntar as suas diversas forças e juntar as suas ideias. Nelson tem a estrutura do mandato (de deputado federal), tem o fato de ser o coordenador da bancada (baiana no Congresso) e também vem estudando a cidade por muitos anos. Todos nós temos a responsabilidade de ajudar neste momento porque não é só ganhar a eleição, mas a gente tem que efetivamente construir um caminho que reforce a esperança e a confiança do povo de Salvador. Acho que esse é o processo principal deste momento.
 Tribuna – O PT acredita que vai convencer os pré-candidatos João Leão (PP) e Marcos Medrado (PDT) a retirar suas candidaturas para apoiar Pelegrino?
Pinheiro – Eu não trabalho com a tese de pressão para um processo necessário de apoio. João Leão é um candidato da base, Marcos Medrado é um candidato da base, Alice (Portugal – PCdoB) é uma candidata da base, são candidaturas colocadas pelos partidos da base. É importante que a gente tenha clareza, primeiro, para entender que não é um processo de você, por decreto, pedir para alguém retirar candidatura para lhe apoiar. Segundo você deve imaginar a postura que deve ser feita neste momento, este é o trabalho que eu acho que Nelson vem fazendo para atrair os partidos em torno de um programa. Acho que essa tarefa é uma tarefa que a gente tem que olhar também, porque vai chegar um determinado momento que a gente não vai poder retirar todas as candidaturas, até porque as pessoas têm projetos que se associam a estrutura do momento e é difícil que essas figuras retirem (as candidaturas). Por outro lado, ao invés de gente trabalhar por uma lógica de agregação por decreto, a gente deve trabalhar por uma lógica de responsabilidade por Salvador, tentar unificar esse caminho.
 Tribuna – O PT já aceita a candidatura do PCdoB de uma forma natural?
Pinheiro – Eu acho que tem que fazer um esforço para tentar juntar todos ainda. Agora, acho que a gente tem que ter cuidado para não ficar cometendo erros. Depois cada um tem necessidade de apresentar seu projeto, a gente não consegue juntar todo mundo e aí a gente vai para uma eleição como se tivéssemos sido derrotados. Então, acho que a coerência agora do diálogo, é isso que estou insistindo. Não é a coerência da adesão dessas candidaturas. A candidatura do PCdoB é uma candidatura que foi colocada, é um partido que tem toda a legitimidade, assim como João Leão do PP, assim como Marcos Medrado do PDT. Não é um caminho de adesão. Ah, outra coisa também que é o alinhamento do governo do estado com o governo federal. Isso é importante. Mais importante é que esse alinhamento também se dê a partir da necessidade que a gente tem hoje de reconstruir Salvador. O diálogo com o PCdoB tem que continuar. É importante a participação do PSB, principalmente na construção de um programa para a cidade. Tem a conversa com os outros partidos também. Se não conseguirmos juntar todo mundo no primeiro turno, devemos ter o compromisso de caminharmos no segundo turno de forma unificada com esse projeto.
 Tribuna – Há quem defenda um projeto da base para contrapor à tentativa de hegemonia do PT. O senhor acredita em uma aliança do PSB com o PCdoB?
Pinheiro – Eu não queria fazer comentário das possibilidades, mas esse comentário é um comentário dessa história do que é hegemonia e o do que não é hegemonia. Na realidade, nós temos caminhado juntos. Participamos da mesma chapa eu e Lídice, caminhamos juntos na mesma chapa para o Senado. Para o governo do estado, na disputa com Jaques Wagner, o PT vinha construindo a hegemonia a política. Pela primeira vez também nós fizemos grandes alianças na disputa tanto para a Câmara Federal quanto para a Assembleia Legislativa (da Bahia). São aprendizados, que quem estava na estrutura de governo, vai inclusive consolidando. Então, a hegemonia tem que ser com programa de política, não deve ser com partidos. Acho que o PT aprendeu isso. É importante para a gente, inclusive, ganhar essa eleição de Salvador e vamos tocar o projeto com harmonia, e não com hegemonia. Esse é um aprendizado que eu, Nelson e outros acumulamos ao longo desses anos. A tese não pode ser aquela de ‘tem que vir me apoiar todo mundo porque apóia no Estado?’ A tese tem que ser de que precisamos de um programa com a participação de todos como é no governo do estado.
 Tribuna – Existe um perfil de vice ideal para a chapa do PT?
Pinheiro – Também é outra coisa que a gente tem que demandar mais à linha do que a gente consegue dialogar de forma mais ampla do que efetivamente dos namoros individuais do ponto de vista de voto. É importante ter o perfil de um vice que agregue essa estrutura de voto, mas também um vice que agregue a estrutura da oportunidade para a gente construir essa transformação que a gente tanto clama por Salvador.
 Tribuna – O governador Jaques Wagner vai entrar na campanha já no primeiro turno? Há algum entendimento nesse sentido?
Pinheiro – O governador tem feito um esforço enorme, até porque todos os partidos dentro do nosso campo que têm candidato e participam do governo... É claro que o governador tem uma responsabilidade com sua base. Ele tem demonstrado inclusive também que tem um outro nível de responsabilidade, que é de contribuir com esse novo caminho para Salvador. Nessa primeira fase, eu acho que ele vai tentar contribuir ao máximo para ver como é que a gente junta o maior número de partidos para a disputa. Se isso não se confirmar, ele deve tomar uma decisão inclusive no primeiro turno. O governador vai achar o nível de apoio que ele pode dar, o fato de ter que dar declarações porque tem mais de um candidato da base, mas ele vai ter, mais cedo ou mais tarde, que assumir posições com relação a um projeto que verdadeiramente não permita a continuidade desse nível de problemas que Salvador enfrenta. Não podemos dizer ‘vamos fazer isso para evitar que a oposição ganhe Salvador’.
 Tribuna – Por falar em oposição, o senhor acredita que o DEM, o PSDB e o PMDB vão conseguir aparar as arestas e construir um projeto único contra o PT?
Pinheiro – Eu vejo muita gente que no início fica preocupada se a oposição vai se unir ou não e tal. Eu até chego a brincar e dizer ‘rapaz, vamos cuidar do terreiro da gente e se eles lá vão se encontrar ou não, vai ser responsabilidade deles’. Eu acho que o fundamental é a gente olhar eles todos de maneira que a gente diga o seguinte ‘Olha, mais importante do que enfrentar essa turma toda aí junta ou separada, é a gente ter oportunidade de fazer na linha da questão positiva um programa com o qual a gente possa ser ouvido pela cidade’. Acho que esse é que é o aspecto. Não é nenhuma arrogância. É lógico que nós temos que respeitar, enxergar e fazer a análise do tamanho e da força daqueles que vão ser contra a gente, mas ao mesmo tempo a gente vai olhando isso e priorizando a nossa capacidade de inclusive construir um programa e uma proposta para Salvador. É mais correto fazer isso do que ficar sofrendo por antecipação pelo tamanho do nosso adversário. Tem quem diga que se eles se dividirem vai ser bom para a gente. Eu não sei se é bem assim. Temos que ver é a nossa capacidade de aglutinar posições que possam ser interpretadas pelo soteropolitano, como posições corretas para esse momento de Salvador. Essa é outra coisa que Nelson de certa forma tem trabalhado muito também.
 Tribuna – Se há essa expectativa tão grande de fazer pela cidade, o senhor não acredita que o governador Jaques Wagner poderia estar fazendo mais para ajudar Salvador, sobretudo, com a proximidade com a Copa do Mundo?
Pinheiro – O governo do estado está assumindo essa questão, até porque o governo compreende que a Copa é um grande legado e não pode ser vista como um evento que acaba em 2014. Ela é um evento que marca um período. Se ela fosse o evento da Copa, nós não teríamos conseguido recursos para diversas obras, não conseguiríamos inclusive vários dos nossos pontos de acesso, a preparação para uma cidade que possa ofertar aos que aqui estão permanentemente condição de vida. O governo tem feito isso. É exatamente em cima desse projeto, que eu acho importante que o governador atue como ele vem atuando, muito mais até do que por decreto. Agora, você tem problemas. Esse é um dos aspectos que devem ser colocados na eleição. Por isso é importante um bom gestor a partir de 2013, para ter oportunidade de dialogar muito melhor com o governo do estado, para ter oportunidade inclusive dessa parceria com o estado, ter oportunidade inclusive de tocar essa questão como prioridade. Salvador é uma cidade problemática do ponto de vista da sua arrecadação. Então, é fundamental que o gestor municipal tenha de maneira muito afinada com o governo do estado... Não é essa coisa de ser submisso ao governador. Não é do perfil do governador Jaques Wagner fazer intervenção.
 Tribuna – O governador está no segundo mandato. Por que os projetos de desenvolvimento da cidade não andam?
Pinheiro – Nós já tivemos vários projetos. Por exemplo, vamos tocar no cravo principal que é esse negócio do metrô. Eu estive na Secretaria de Planejamento (do Estado) em 2009. O prefeito João Henrique ficou dizendo até a última hora que queria veículo sobre pneus. Portanto o governador teve que fazer esse diálogo, teve que aguardar, não podia fazer intervenção. Então, isso retardou enormemente a definição de um modal para Salvador. Isso criou problema. A condução do metrô de Salvador em toda sua história teve problemas, e não só agora, portanto, não dá pra gente responsabilizar essa gestão pelas idas e vindas do projeto do metrô, mas é importante lembrar que no momento do desfecho... se a gente tivesse decidido, por exemplo, em 2009, fazendo disso um transporte intermunicipal, com algo em torno de 36 quilômetros de estrutura de metrô na cidade, como nós pretendíamos, talvez tivéssemos condição de entregar para a Copa. Agora, o fato de não entregar para o mundial não pode ser visto como um problema. Isso é bom frisar mais uma vez.
 Tribuna – O senhor defende que o tramo 1 do metrô entre agora ou não em funcionamento? Qual a visão sobre isso, já que o projeto foi diminuído pela metade por uma imposição do governo Lula?
Pinheiro – Não foi colocado por imposição do governo Lula. O governo liberou na época recursos para os dois tramos, tanto é que tem obra na BR (324) que ficou abandonada. Depois, por uma decisão inclusive da gestão (municipal), que buscou concluir a primeira etapa, concluiu a primeira etapa, na época, inclusive, em 2009 quando nós discutimos com o governo Lula que a então coordenadora do PAC e hoje ministra do Planejamento (Miriam Belchior) disse que não tinha como pensar em corredor de transporte em Salvador e abandonar o segundo tramo. É importante a linha 1 ser concluída. Ali tem uma série de obras incorretas. Um morador do Bonocô não pode pegar o metrô. Só tem estação no início ou já no Acesso Norte. Esse processo é recheado de problemas. Se você falar com a CBTU, tem uma série de coisas que inclusive levaram à interrupção, a questionamentos em processos (judiciais) por causa dos valores que foram gastos no primeiro tramo, passou aquele tempo inteiro com a obra em avaliação. Sãoerros que na realidade, depois de solucionados, eles não conseguem reparar o prejuízo maior, que é exatamente a perda de tempo para você botar o equipamento para funcionar. O tempo que perdemos e aquela parte da obra que está abandonada na BR-324, isso não volta.
 Tribuna – Mas ficar parado não é um prejuízo maior, senador?
Pinheiro – É isso que eu estou dizendo. Agora, o problema não é ele ficar parado, o problema é ele rodar hoje. E aí? Vai transportar quem e de onde para onde? Nós temos um outro problema ainda nesse primeiro tramo que é o subsídio. Salvador não tem como subsidiar esse percurso. Esse é o problema. Você vai mais uma vez endividar um município já endividado? É importante que essa discussão saia do âmbito exclusivo da atuação do município e efetivamente nós vamos ter outros atores que a gente permita integrar esse sistema de transporte para ele ter o subsídio necessário. Rodar por rodar, é preciso analisar se essa é uma atitude correta. Metrô não tem o sentido apenas de transportar as pessoas, ele é essencialmente um transporte de massa, ele tem que tirar os veículos da rua.
 Tribuna – Sobre a atuação do senhor como líder do PT no Senado. Teme que a CPMI do Cachoeira saia do controle do Planalto?
Pinheiro – A própria presidenta (Dilma Rousseff) deu uma declaração muito boa sobre isso. O governo vai respeitar e acatar as decisões do Congresso. A CPI não é contra o governo, é uma CPI que a gente vai fazer para que essas coisas não caiam no esquecimento nem na letargia da apuração. O esforço que está se fazendo é para coletar os dados e ao mesmo tempo agira em cima desses dados para que as coisas que foram coletadas, as informações que foram apresentadas e as ações da Polícia Federal tenham conseqüência. Se não tivesse esse processo, a gente não estaria hoje com o inquérito aberto. Fizemos o pedido ao procurador geral da República para que ele encaminhe o processo para o Supremo Tribunal Federal (STF). Nós queremos que essas denúncias sejam apuradas e que os processos sejam julgados. Lá no Senado, por exemplo, vamos fazer apuração de quebra de decoro (parlamentar). O julgamento dos crimes cometidos deve ser feito pela Justiça e não pelo parlamento.
 Tribuna – O PCdoB pode ser cobrado por comandar a greve dos professores na Bahia, que tem trazido problemas aos estudantes e atingido a imagem do governo?
Pinheiro – Não. Eu acho que essa coisa não pode ser traduzida como responsabilidade do partido. Um processo de greve obviamente tem diferenças e divergências e isso tem que ser encarado exatamente a partir da relação entre as entidades sindicais e o governo. O secretário Osvaldo Barreto (Educação) mais uma vez apresentou as questões que o governo tem buscado fazer nessa área. Esse assunto tem que continuar no terreno das negociações, e não no terreno de os partidos serem responsáveis pela greve ou que os partidos devem ser punidos por um processo de greve. Temos que buscar uma negociação que nos leve a encontrar uma solução para a gente devolver a normalidade ao processo de educação, que é muito mais importante.
Tribuna – O secretário Sérgio Gabrielli (Planejamento) vai conseguir dar um ritmo de mais celeridade ao governo Wagner?
Pinheiro – Ele, o Petitinga na Fazenda, o próprio Osvaldo Barreto, que faz um grande trabalho na Educação, até porque deu uma grande organizada na gestão na secretaria, Jorge Solla na Saúde. São secretários que formam um conjunto. De certa forma, há seu tempo, obviamente com diferenças, como tivemos no primeiro governo, e nossa responsabilidade vai aumentando. Antes nós comparávamos com os outros, agora nós comparamos com nós mesmos. Portanto, esse processo de agilidade, de consolidação necessariamente tem uma nova marca. Agora, todas elas, em minha opinião, têm uma marca de quem teve oportunidade, teve a proeza de juntar a nós todos e de conduzir até aqui, que foi o governador Jaques Wagner.

Colaborou: Romulo Faro
Publicada: 23/04/2012 01:54| Atualizada: 23/04/2012 01:53 

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